Japão, aqui estamos.

Chegamos ao outro lado do mundo. Diferente daquela brincadeira de criança, que imagina fazer um buraco no chão e chegar ao Japão em poucos minutos, nós levamos 8 meses para aportar por essas terras. Chegamos cheios de expectativas, curiosidades e com aquelas “certezas” que acreditamos serem verdades, mas que quase sempre se dissolvem quando a realidade dos lugares e suas culturas se apresentam.

Como essa ‘trip’ vai se mostrando cheia de surpresas, no Japão não poderia ser diferente. Em nosso primeiro dia fomos encontrar a Joice, minha prima de segundo grau que só vim conhecer aqui, e a linda Alice, sua encantadora filha. Nos encontramos na Tokyo Sky Tree com seus 634 metros de altura. No dia seguinte conhecemos o Marcos, marido da Joice e pai da Alice. Esse encontro com a família Sudo foi memorável, uma grande integração entre as crianças e uma imensa compatibilidade de idéias, interesses e visões de vida entre nós. Passamos uma semana juntos, que incluiu um dia na Disney, jantares fantásticos, tours por Tokyo e a visita a cidade de Fujino, onde a Joice e o Marcos foram conhecer uma escola instalada lá com pedagogia Waldorf e que funciona através do trabalho voluntário dos pais, que se envolvem 100% com todas a áreas da escola. Depois da visita a escola, fomos nos banhar em uma casa de águas termais, nos tanques chamados Onsen. Foi uma experiência interessantíssima, mas a Lu teve que fazer algumas manobras para poder entrar, pois estávamos em uma cidade pequena, e ali como em muitas partes do Japão, incluindo praias, é proibido a entrada de tatuados*, e a Lu tem 5 tatuagens.

Tivemos a feliz coincidência de ao visitar o agitadíssimo bairro de Shibuya, no parque Yoyogi estar acontecendo uma grande festa multicultural japonesa, com muitas cores, danças e comidas. Um show de imagens e som que nos encantou. No Santuário Meiji acompanhamos a saída do casal de sua cerimonia de casamento, no mais tradicional estilo japonês. E como não poderia faltar, fomos em busca de ‘Cosplays’ pelas ruas de Shibuya,…e não é que encontramos uma galera. O Caio não se conformou em ver homens vestidos de boneca e passou vários dias repetindo que “era muito estranho” rsrsrsrs.

Quando estávamos em Londres, soubemos que um querido familiar tinha sido diagnosticado com câncer e teria que passar por todos os procedimentos que são inerentes a essa doença para se recuperar. Em uma conversa num jantar com a Joice e o Marcos, acabamos entrando nesse assunto e surpreendentemente ela nos falou que um tio seu havia passado também por um tratamento de câncer e que havia enviado para ela, uma parte de uma caixa de vacina de imunoterapia, que um conhecido seu havia tomado há muitos anos atrás. Esta vacina havia ajudado na sua recuperação e  era produzida no Japão. Pois bem, a Joice encontrou o laboratório, descobriu como enviar a vacina para o Brasil e ajudar ao seu tio, que hoje está recuperado da doença. Acompanhando a evolução da recuperação de seu tio decidiu ajudar a mais pessoas e criou site http://www.vacinahasumi.org e de forma voluntária faz as traduções dos formulários e receitas e o envio para o Brasil. Fomos conhecer a clínica e também enviamos ao nosso familiar a vacina. Caso você conheça alguém que necessite desse tratamento auxiliar, não deixe de informar sobre essa possibilidade.

IMG_0033 (1)-1

Caixa da vacina

Em nossa visita a cidade sagrada de Kamakura, ao Buda gigante e ao templo budista a Sofia e o Caio tiveram um dos primeiros contatos com a filosofia budista e com a história de Buda. Eles tem se identificado bastante com a filosofia e se encantado com os templos.

Novamente, na praia de Kamakura nos deparamos com a proibição de tatuados, agora em uma lanchonete na praia. Tatuados não podem entrar. Ok, fomos buscar outro lugar para almoçar…

Em busca do Monte Fuji, não encontramos o Monte Fuji (rsrsrs). Foram horas desde Tokyo até o parque Fuji – Hakone – Izu, entre metro, trem, ônibus e barco, mas por conta da forte neblina e do vento não conseguimos ver o Monte Fuji e nem conseguimos andar de teleférico. Voltamos pra casa bastante frustrados.

Kyoto, a cidade dos samurais, tem uma história muito rica. Foi capital do Japão Imperial, é uma das cidades japonesas que mais preserva construções anteriores a segunda guerra e em 1997 a cidade abrigou a conferencia que resultou o Protocolo de Kyoto sobre a produção de gases do efeito estufa.

Hiroshima, cenário inesquecível do brutal ataque com bomba atômica na segunda guerra mundial. O Parque e Museu Memorial da Paz de Hiroshima e o Genbaku Dome, são ícones importantes para a preservação da memória e uma lembrança do que não podemos deixar acontecer novamente em nosso planeta. A cidade hoje é moderna e tem um ar alegre, encontramos por aqui até uma “October Fest” com banda alemã, salsicha e muita cerveja.

Também em Hiroshima tivemos um gostoso reencontro, agora com minha prima Fernanda e seu marido Willian.  Foram muitas conversas e muito aprendizado sobre a proeza de ser um imigrante brasileiro nessas terras nipônicas. Juntos visitamos Miyajima e claro, as crianças ficaram fascinadas com os cervos. A ilha de Miyajima é considerada um dos três lugares mais bonitos do Japão.

E agora Okimawa, o Hawai japonês. Aqui é claramente perceptível a diferença cultural e física com os japoneses das outras cidades que visitamos. Seus habitantes são mais bronzeados e muitos mais “soltos” que seus conterrâneos das cidades que conhecemos.  Com uma forte presença militar americana na ilha, ficamos muito impressionados com a movimentação de caças e aviões militares, são muitos vôos e sobrevôos durante todo o dia. A Ilha está repleta de bares e restaurantes americanos. Os Estados Unidos, depois da segunda guerra, ficou com a administração de Okimawa por 27 anos, e mantém até hoje muitas bases militares por lá.

Parte da Lu:

Tatuagem – Havíamos lido sobre a relação histórica dos japoneses com tatuagens e eu senti de fato este ‘preconceito na pele’…..A questão vem de muito tempo….a tatuagem no passado era usada para diferenciar/marcar os presos e foras da lei e também ainda hoje, é muito usada pelos membros da Yakusa (máfia japonesa) como prova de resistência a dor e fidelidade. Logo, apesar da globalização e de muitos jovens já usarem tatoos no Japão, muitos ainda tem preconceito com pessoas tatuadas e em alguns lugares nem se pode entrar.

Relação com os professores no Japão – Sempre ouvimos e admiramos o grande respeito que existe com os professores no Japão, vistos quase que como sacerdotes. Porém, nesta trip descobrimos que em alguns momentos esta relação extrapola. Existem diversos casos de ‘bullying’ feito pelos professores com as crianças, que deixam marcas por toda a vida. Assunto proibido entre as famílias e principalmente com a escola….coisas de uma sociedade, que como todo o mundo, esta passando por muitas transformações e que ainda está aprendendo a lidar com elas….ficamos muito surpresos.

4 Respostas para “Japão, aqui estamos.

  1. Que especial esta parte da viagem! Tudo muito diferente. Imagino quantas curiosidades e vivências puderam ter por aí.
    Que a curtição continue!! A gente acompanha por aqui.
    Super beijo

    Curtir

Deixe um comentário