Laos e Vietnã

Em 3 semanas visitamos 4 países do sudeste asiático, Laos, Vietnã, Camboja e Myanmar. Iniciamos por Laos, mais precisamente pela cidade de Luang Prabang.

Laos

Quando o avião já fazia suas manobras para a aterrissagem, nós não víamos cidade alguma e nem sequer sinal de aeroporto, apenas uma imensa floresta e um grande rio. Brinquei com as crianças que iríamos pousar no rio, mas uma pista de pouso apareceu e aliviou os pequenos da tensão de uma possibilidade de pouso no rio Mekong.

Assim como a maioria dos países da Indochina, o Laos também tem um imenso histórico de guerras externas e internas e num passado recente já foi dominado pela França, Tailândia, Japão, França novamente e China, teve envolvimento, ou foi envolvido, na guerra do Vietnã e com a presença dos Estados Unidos na indochina, durante a guerra fria no combate ao crescimento do regime comunista, recebeu armamento e incentivo para a guerra civil.

A cidade de Luang Prabang é muito agradável, tranquila e acolhedora. Na avenida central, onde acontece todas as noites a feira noturna, também está repleta de construções novas e modernas que abrigam os inúmeros e charmosos restaurantes e hotéis. A feira noturna é uma grande atração da cidade, são lindos os artesanatos e diversas comidas de rua, para os mais variados gostos. Pelas manhãs, na rua paralela a avenida principal, acontece outra feira, agora com hortifrútis, carnes, aves, peixes, cobras e outras coisinhas nem sempre identificáveis.

São inúmeros os templos budistas na região, e todas as manhãs, ao nascer do sol, acontece a tradicional ‘Ronda das Almas’. Os monges de diversos monastérios percorrem as ruas da cidade para receber os alimentos que são doados pela população e visitantes. É uma linda cerimonia, um ritual secular com profundo sentido para os budistas.

Vietnã

Chegamos ao Vietnã pela cidade de Hanoi, e contrapondo a calmaria de Luang Prabang, aqui a cidade é fervilhante. O Vietnã tem cerca de 96 milhões de habitantes, é o 14° país mais populoso do mundo.

Em matéria de trânsito caótico fizemos um estagio na Índia, mas aqui temos alguns diferenciais interessantes:

  • São milhares de motos, dizem que 1 para cada cidadão adulto, que circulam em todos os sentidos e lugares (incluindo calçadas). Como os carros são extremamente caros para a maioria dos cidadãos vietnamitas, somente os ricos podem ter, assim a moto é o veículo da família, sim da família, a legislação diz que elas podem transportar até 2 adultos e as crianças. Eles levam a lei na sua integra literal, assim vemos frequentemente motos com 2 adultos e 3 crianças ou quantas mais couberem.
  • Os carros devem respeitar os semáforos, mas as motos não. Li em outro post que as motos são extensões dos pedestres, assim tudo que um pedestre faz a moto também faz, ou seja: atravessar uma rua mesmo com o sinal vermelho, desde que não venha um  carro, desviar de um obstaculo pela calçada, andar pela calçada no sentido contrario da mão da  via e assim vai.
  • atravessar a rua é uma aventura, como já disse são milhares de motos e elas se sentem no direito de não respeitar qualquer indicativo de regras de transito ou semáforos, até porque são muito poucos os que existem por aqui. Dessa forma não espere que o transito pare para você atravessar a rua, mesmo que o sinal esteja vermelho para eles. A maneira de fazer essa proeza é simplesmente ir caminhando lentamente para o outro lado, entre os carros e motos, você vai se fazendo perceber, muitas vezes com o braço levantado, para nos dar a sensação de algum empoderamento sobre os veículos, e a magia vai acontecendo, as motos vão desviando de você,  sem se abalar, buzinar ou diminuir a velocidade, e você aos poucos vai se teletransportando para o outro lado. O difícil é explicar para as crianças que é assim mesmo que funciona, eles já doutrinados a somente atravessarem a rua com o semáforo fechado para os carros, ficam a todo o momento indignados com a atitude dos motoristas vietnamitas.

Descobrimos aqui que o Vietnã é o segundo maior exportador de café mundial, ficando apenas atrás do Brasil, e aqui há o famoso e caro Weasel Coffee. O processo para obter esse café é muito curioso, os grãos são engolidos pelos furões e doninhas (animais do gênero Mustela) e na sua digestão os grãos são fermentados e evacuados. Grãos coletados, higienizados e torrados dão origem ao Weasel Coffee, que os amantes e especialistas em café pagam em torno de U$300,00 por quilo.

A baía de Halong, umas das setes maravilhas naturais do mundo, é de impressionante  beleza. São mais de duas mil ilhas e ilhotas que surgem do mar, formando uma paisagem ímpar. Podemos encontrar aqui grandes cavernas e lagos intrínsecos nas formações. Nosso guia comparou a região com o cenário do filme Avatar, só que lá as montanhas flutuavam.

Ho Chi Minh (antiga Saigon), a capital do Vietnã é moderna e mantém muito da arquitetura francesa em prédios históricos e avenidas largas, principalmente na região dos ministérios . O museu da guerra em Ho Chi Minh merece um destaque especial. É um lugar bastante duro para se visitar, mas é extremamente importante para se entender as barbaridades da guerra com os Estados Unidos. Em nossa visita entendemos os motivos e as consequências da guerra do Vietnã e o quanto o interesse financeiro e político deixam terríveis cicatrizes na humanidade.

Nos surpreendemos com o Vietnã, sua natureza, cultura e dinâmica. País de povo amistoso e gentil. Quando perguntei ao nosso guia sobre os sentimentos em relação a guerra e aos Estados Unidos ele me disse: “- O Povo vietnamita vê as coisas sempre para frente, o que houve no passado fica lá.” E com essa filosofia buscam se desenvolver e manter os sorrisos abertos e olhares profundos.

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